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  • 21.12.05
    Ab morgen in der Heimat

    Estarei de volta em Janeiro. Até lá, fiquem bem!

    Playmate da semana: Björk (Rosemarie Trockel)
    Terra da Alegria, hoje nova
    20.12.05
    Gotcha!
    19.12.05
    Parabéns

    ao arquitecto Daniel Carrapa, cujo Barriga faz dois anos. Um slow blog em que tudo que se publica está bem pensado e bem escrito. Ressalvado as diferenças que há, revejo-me em muito do post retrospectivo, com que assinalou o aniversário.
    Outra vez!

    Isto deve ser para sacudir os leitores menos fieis!
    À volta do Correctismo

    Depois dum sono de Bela Adormecida de dois meses, o Prozacland acordou, e mais vivo do que sempre! Com uma discussão muito interessante e animada do Politicamente Correcto, e de muita coisa que está relacionado com o condicionamento do pensamento pela linguagem e pela(s) moral/morais dominante(s).
    18.12.05

    Tilman Riemenschneider: mater dolorosa

    Se acho o QeP, nos últimos dias, invulgarmente brilhante - e acho -, isso obviamente é mérito deste meu compatriota e das suas obras de há 500 anos.
    17.12.05
    Triste notícia

    A crer na sua despedida, isto será o último link para o bombyx mori. Faço o com genuina pena, porque desde o início senti uma especial afinidade para com o seu autor, para além da admiração pelo blogue.
    Não tenho nem quero ter o hábito de fazer rankings, mas neste caso não hesito em atribuir-lhe, ao título póstumo, o prémio "Melhor blogue de 2005".
    16.12.05

    Tilman Riemenschneider: Crucifixo
    O homem sem qualidades

    (Salvo seja.)

    Não é a primeira vez que reparo em dificuldades de me fazer entender, que leitores atribuem aos meus posts um sentido em função duma (pres)suposta posição minha, que efectivamente não ocupo.
    Sei que é inevitável, para compreender o quer que seja, conceber um contexto, ao menos a título provisório, uma posição de onde fala quem fala.
    Talvéz eu tenha mais dificuldades do que outros em facultar tais referências. Para além das dificuldades que todos partilham que usam este meio internet, deverá contribuir minha condição de estrangeiro, o facto de realmente não partilhar uma socialização com os meus interlocutores, pois nem militei em qualquer grupo político, nem pertenci a qualquer grupo social ou tribo, que lhes é familiar e lhes facilitaria a minha identificação através das suas ideosincrasias.
    Mas penso que não é só isso.
    Sempre procurei e esforcei-me em não pertencer a grupos e tribos, por receio e reluctância de assimilar o seu pensamento. O resultado é que em muitas áreas não tenho convicções firmes e argumentações consolidadas. Isso tem defeitos e vantagens, de qualquer forma, é algo que está para além do meu poder de escolha.

    Assim, caio de vez em quando no uso de ironia, não me apercebendo que, sem contexto claro, ela é irreconhecível ou pelo menos ambígua. Mas não acho a ambiguidade tão má. Talvéz irrita o leitor mas com sorte leva-o também a questionar o contexto em que o problema está posto.
    E para lá da ironia, é verdade que faço uso, e isso com um empenho quase programático, da ingenuidade intencional. Um bom exemplo é, acho, o meu post Interrogatório (2).
    Não ignorava que essa pergunta podia ser interpretada como uma acusação moralista, contra qual uma defesa num ambiente em que rareia a boa fé – como costuma sê-lo o do combate político – seria muito difícil. Mas se há um propósito no Quase em Português, ele é mesmo este: de possibilitar um debate em que haja boa fé. E o dispositivo mais imediato e simples é falar como se ela existisse.
    Não JPT, não acho que houve falta.
    Quem te avisa o teu amigo é!

    Eu sou daqueles "quem apenas o ouça a fazer grandes debates e [...] que o conhece apenas da televisão e da propaganda." Para que isso não fique assim, José Pacheco Pereira explicou ontem no Público (e aqui) como é o verdadeiro Francisco Louçã.

    Fico grato por uma lição de perfidia política, que com este requinte só raramente se vê.

    Adenda:
    Parece que a ironia não ficou clara neste post. Por isso explico: A perfidia é do JPP, que, como apoiante empenhado de outro candidato presidencial se apercebe do abismo entre a miserável prestação deste, e a excelente performance de Louçã nos debates presidenciais. Decide então limitar os danos.
    Começa por reconhecer e elogiar as qualidades óbvias do candidato adversário, aquelas que estão a vista para todos que viram os debates, passando pela crítica dos seus defeitos que aí também todos podiam verificar, para explicar-nos a seguir que não é isto que é relevante, mas a “verdadeira” posição e postura política do candidato adversário. E passa então a “descrevé-la”: Num potpourri alucinante de figuras e correspondetes modelos políticos de todo o mundo, JPP escolha a Venzuela de Hugo Chávez (nome referido) e a Líbia de Muammar Gadafi (nome prudentemente omisso) para os associar ao candidato adversário, sem uma única vez referir-se a qualquer argumento ou proposta concreta dele, que o sustenta. A seguir alerta para a “repressão” que a concretização dos seus objectivos implicaria, que nós, graças à evocação dos políticos estrangeiros, entretanto somos capazes de imaginar com facilidade, e conclua com a classificação do programa do candidato, que agora conhecemos, graças ao seu competente e imparcial esboço, como “sinistro”.
    Sinistro, pois...

    Adenda à adenda (só para os incorrigíveis):
    Não votaria em Louçã!
    Bloguices

    Quero agradecer o simpático destaque ao Snowgazestarkiss. Gostei especialmente da caracterização do QeP (que a mim me sempre é tão difícil): Fala de política e de coisas da vida. Isso mesmo.

    E constato que o blogue do tal homem de barba rija da outra hemisfera, o Ma Schamba, se feminizou! Quem diria! A julgar pelas primeiras impressões, a metamorfose promete...
    15.12.05

    A excelente série de imagens do S. Sebastião da Carla lembrou-me Tilman Riemenschneider, o maior escultor alemão da sua época. Contemporâneo de Lutero, Erasmo, Cranach e Dürer, ele era onze anos mais velho do que o último, e a sua arte ainda pertence inquestionavelmente ao Gótico, mas nem por isso é menor.
    Cidadão respeitadissimo, foi presidente de câmara de Würzburg em 1520-1521, e colocou-se em 1525 ao lado dos camponeses na sua revolta contra a servidão, essa famingerada e amaldiçoada revolta, que se inspirou na denúncia da corrupção por Lutero, que no entanto a condenou, e assim assegurou a protecção dos príncipes para o seu movimento, que em caso contrário, quem sabe, talvez não teria sobrevivido. De qualquer forma, a revolta falhou e os senhores reestabeleceram a ordem com uma crueldade que até superou o muito que era uso nestes tempos.
    Assim, Riemenschneider chegou a experienciar no próprio corpo o sofrimento que tantas vezes tinha retratado na figura de Cristo e de outros mártires. Entre outro, quebraram-lhe todos os dedos, e incapacitaram-no para o resto da sua vida de exercer a sua arte. Felizmente, aos 65 anos, já nos tinha deixado uma vasta obra.

    P.S.:
    Como o Quase em Português é uma casa particular, tenho o prazer de poder prometer à Zazie, que vou postar, nos próximos tempos, alguns dos seus crucifixos.
    ;)
    Curling
    14.12.05
    Posta mista

    O bombyx mori publicou mais um excelente post, e se continua assim, já me vejo a anunciá-los com tanta regularidade como as edições da Terra da Alegria.

    Ainda estava tentado comentar a execução de Stanley Williams, e de meditar sobre a bondade da pena de morte em geral e neste caso específico. De especular sobre os motivos que levaram o governador de California a negar a clemência também neste caso.
    Mas pelo bem da credibilidade e da imagem de imparcialidade do Quase em Português urge ignorar os EUA nos próximos tempos...

    Playmate da semana: Venus (Botticelli)
    13.12.05
    Outra pergunta abstracta, também inspirada na actualidade

    P:
    Se um governo continua a persistir numa política proteccionista do seu mercado de produtos agrícolas, negando assim a melhor forma a países pobres de encontrar uma saída do círculo vicioso de subdesenvolvimento e pobreza, enquanto apregoa ao mesmo tempo a liberdade do comércio e se aproveita das elites destes países pobres para exportar os seus produtos industriais e de armamento em troca de matérias primas de recursos limitados, acha sustentável votar nele, porque porventura concorda com a sua política noutros assuntos?
    Demagogia

    Houve quem se indignou com esta pergunta e a classificou como totalitária ou demagógica. Tratando-se duma pergunta, só vejo estas duas possibilidades que ela assim seja:

    - ou contém uma afirmação implícita
    - ou obriga a escolher entre alternativas falsas ou indevidamente limitadas

    Convido os seus críticos a demonstrar ou uma ou outra coisa, ou apresentar outra razão por mim não identificada.

    O ON, na sua crítica no Prozacland, defendeu a segunda opção: disse que a pergunta não deixava alternativas na resposta, devido ao contexto social em que está a ser colocada. Em concreto: o universo dos leitores do Quase em Português.

    Bem, até hoje não me tendo tomado por uma pessoa poderosa, nem como bloguista, devia lamentar que o QeP tenha uma atmosfera tão inibidora que ningém se atreva a responder sim, mesmo se o acha. Mas obviamente, não acredito que seja a atmosfera do QeP que o inibe, mas a atmosfera no espaço público em geral. Deixem me adivinhar como se classificaria esta atmosfera: politicamente correcto.

    Acho que não há nenhuma melhor forma de defender-se contra esta atmosfera, do que (para além de denunciá-la) ignorá-la e apesar dela afirmar as suas convicções. Ainda não chegámos, creio eu, ao ponto de que as pessoas que o fazem serem socialmente ostracisados ou até submetidos a tratos ainda piores. Nem de despedimentos, nem de prisões com ou sem enquadramente jurídico tenho conhecimento.
    O que lhes é exigido, ou, voltando ao nosso pequeno Quase em Português, o que eu lhes peço, é que assumam o que acham e que o fundamentam.
    Não vejo porque não seriam possíveis as três repostas:

    - sim,
    - não, e
    - sim, mas*

    O que a pergunta pela sua própria existência efectivamente pretende impedir, é que a resposta seja não falaremos disso, a que se dá e recomenda tanto na prática.

    A quem insiste nela, de facto, atribuo motivos menos honrosos.


    * Ms Rice, que está confrontada com a questão de forma um pouco mais directa do que só como eleitora hipotética ainda conseguiu responder com não, mas. Uma resposta com que não tinha contado: Não devemos torturar, mas sim asfixiar, privar de sono etc.
    11.12.05
    Was es ist

    Es ist Unsinn
    sagt die Vernunft
    Es ist was es ist
    sagt die Liebe

    Es ist Unglück
    sagt die Berechnung
    Es ist nichts als Schmerz
    sagt die Angst
    Es ist aussichtslos
    sagt die Einsicht
    Es ist was es ist
    sagt die Liebe

    Es ist lächerlich
    sagt der Stolz
    Es ist leichtsinnig
    sagt die Vorsicht
    Es ist unmöglich
    sagt die Erfahrung
    Es ist was es ist
    sagt die Liebe

    (Erich Fried)
    _________________

    O que é

    É um disparate
    diz a razão
    É o que é
    diz o amor

    É um azar
    diz o calculismo
    É nada senão dor
    diz o medo
    É sem hipótese
    diz a consciência
    É o que é
    diz o amor

    É ridículo
    diz o orgulho
    É leviano
    diz a cautela
    É impossível
    diz a experiência
    É o que é
    diz o amor


    (Luís, não há rapaz alemão que namorou nos anos '70, e não trocou poemas de Erich Fried com a sua namorada.)
    10.12.05
    Interrogatório (2)

    P:
    Se um governo continua a permitir e encobrir a violação sistemática dos direitos humanos por serviços que lhe estão subordinados, acha sustentável votar nele, porque porventura concorda com a sua política noutros assuntos?

    Etiquetas: , ,


    No Gana, há uma grande maioria de cristãos. Pentecostais, protestantes, católicos. O comércio reflecte isso numa mistura entre o que é de César e que é de Deus: Nothing But Christ Trading Enterprise, Jesus Cares Motors, Ave Maria Photocopies, Trust in Him Beauty Salon, Jesus The Sweetest Name Civil Construction. Ou simplesmente, Jesus Fast Foods.
    Por vezes, o tom evangélico do Novo Testamento exprime-se noutros assuntos que não os do comércio:«Oh children! do not urinate here!», pode ler-se pintado nas paredes duma casa.

    No Erro de Paralaxe. Um blogue de quem sabe viajar, e por isso ver, ouvir, sentir o que escapa ao turista.
    Não conheço outro blogue cujos autores nos dispensam tanto do seu ego, e acredito que é por isso que ele é tão luminoso.

    Ele é de dois velhos conhecidos, da Maria João Lima (fotos) e do Afonso Cruz (textos), do histórico Alerta Amarelo.
    9.12.05
    Raparigas do tempo da minha mãe



    Os frutos do estado de guerra

    É bom lembrar, nesta discussão actual das “rendições extraordinárias” da CIA para excluir os seus presos da protecção legal e poder torturá-los, quem se empenhou especialmente, desde o 11. de Setembro, para estabelecer que estamos em guerra!
    Como o director do Público, que hoje entendeu dever criticar, antes de mais, a “hipocrisia” dos europeus, que se insurgem contra as “rendições extraordinárias”, para assumir no fim que ele, claro, sempre condena a tortura.
    Como a mobilização psicológica para a guerra, que promoveu de forma tão bem-sucedida, não pretendia exactamente, que as pessoas fizessem vistas grossas perante os atropelos dos direitos cívicos e humanos!

    (Com os meus agradecimentos ao CBS e o C.INDICO, que me lembraram que a tortura é elemento inerente de qualquer guerra.)
    A oportunidade da pergunta

    Muitos dos comentadores do post anterior, “Inquérito”, questionam a oportunidade, ou até a honestidade intelectual da pergunta que deixa em aberto.
    Não ignoro que ela convém aos defensores de medidas de excepção na “guerra” contra o terrorismo, só não vejo como ela por isso se torna ilícita, menos ainda num blogue que não se dedica ao combate político. Acho útil saber onde estou nesta questão, no plano moral, e em que medida sou susceptível ao príncipal argumento dos defensores das vistas grossas perante os atropelos aos direitos humanos: o apelo ao meu medo.
    7.12.05
    Interrogatório

    P: É contra a tortura?
    R: Sou.
    P: Incondicionalmente?
    R: Incondicionalmente.
    P: Há poucos anos ficou público um caso na Alemanha, em que um interrogador da polícia judiciária alemã ameaçou um suspeito raptor – capturado na entrega do resgate – de tortura para conseguir que este revelasse o paradeiro da criança raptada. O interrogador foi julgado e condenado. Concorda?
    R: Sim.
    P: Acha ímoral o procedimento do interrogador, que colocou a vida da criança rapatada – que aliás já tinha sido assassinado pelo raptor, como se provou posteriormente – acima da integridade física do provável raptor?
    R: Não necessariamente. Admito que a ponderação de bens que levou o interrogador à proceder como fez possa ser moralmente consistente. Neste caso, porém, agiu mal, em termos morais, ao integrar as forças policiais e ao aceitar as funções de interrogador.
    P: Defende então quem exerce um cargo público como polícia submete a sua moral individual às ordens que recebe?
    R: Não às ordens que recebe, aqui pode haver casos em que deve contrariá-las, mas aos prerrogativos constitucionais do estado que decidiu servir como polícia. Se não pode fazê-lo, não deve serví-lo.
    P: Voltando à escolha moral: Antes de torturar o presumível raptor, deve aceitar-se a morte da criança raptada?
    R: Sim. O bem de todos viverem num estado em que a tortura está excluida em todo o caso, vale mais do que a vida duma criança em concreto.
    P: A CIA e o governo americano negam que esta pratica tortura, admitem no entanto metodos duros do "debriefing". Não foram expressamente negados métodos concretos, como o asfixiamento temporário (simulação de afogamento), a privação de sono, a exposição ao frio. Considera estes métodos tortura?
    R: Obviamente.
    P: E prisões secretas, a negação de garantias mínimas do estado de direito, como o contacto com familiares, um advogado, um regime legal e apelável da sua situação, como aquelas cuja existência se revelou agora, fora dos EUA? Recusa as também incondicionalmente?
    R: Sim.
    P: A Secretária de Estado dos EUA chamou a atenção ao que as práticas da CIA servem para salvar muitas vidas. Mantém a sua recusa categórica?
    R: Sim. Pelas razões acima expostas no caso do rapto da criança.
    P: Acha que as democracias e o estado de direito, isto é, as liberdades cívicas e os valores ocidentais são possíveis defender sem o recurso a medidas destas em casos extremos?
    R: Acho que sim. O que acho dúbio é que as democracias e o estado de direito, as liberdades cívicas e os valores ocidentais são possíveis defender se houver aceitação do recurso a medidas destas.
    P: Todos os estados têm serviços secretos, também as democracias e os estados de direito. Não concorda com a necessidade de que eles possam também agir fora da esfera do estado de direito?
    R: Recuso um regime de excepção que nega direitos fundamentais como os acima referidos.
    P: E a prática também?
    R: O que está a sugerir é uma moral dupla como a se conhece dos filmes do género. Do tipo: "A pátria precisa e quer que ages contra a lei, mas se fores apanhado, estarás por tua conta." No que diz respeito a violações de direitos humanos, nunca a considero aceitável.
    P: Se lhe fosse demonstrado que a defesa dos nossos valores não seria possível sem recurso a estes meios, mudava a sua posição?
    R: ...
    P: Não tem resposta?
    R: Não.

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    Depois dos debates da última semana, a "playmate" de hoje só podia ser esta. Vivam as jacobinas! Para vê-las melhor, clicam na imagem, e aqui!
    6.12.05
    Para quê educação sexual na escola?

    livros para oferecer na altura certa.
    Sobre os crucifixos na escola

    ... Vital Moreira põe no Público de hoje os pontos nos iis:

    "[...] Ao contrário do que argumentam, sem nenhum respeito pela evidência, os partidários da manutenção dos crucifixos nas escolas, não é verdade que os que defendem a sua retirada preconizem a eliminação da religião da esfera pública. [...]

    O que o caracter laico do Estado impõe não é, manifestamente, a desaparição de símbolos religiosos do espaço público, mas sim da esfera da actividade do Estado e do poder público, em geral, e da escola pública, em especial. E é evidente que a indadmissibilidade de crucifixos nas escolas públicas, enquanto tais, nada tem a ver com a sua presença na arquitectura de alguns edifícios escolares, e outros edifícios públicos, outrora com funções religiosas. Relacionar as duas coisas é um puro sofisma, indigno de qualquer argumentação decente. O mesmo se diga, de resto, da invocação dos feriados religiosos, oficialmente reconhecidos, que na sua origem não são mais do que dispensa das obrigações públicas para que os crentes possam cumprir as suas obrigações religiosas. (...]

    Nestas questões, a táctica dos meios confessionalistas é sempre a mesma, ou seja, fazerem o mal e a caramunha. Primeiro montam um enorma arranzel a propósito de tudo que ponha em causa os privilégios da Igreja Católica, mesmo os mais incompreensíveis à luz do Estado laico e da escola laica, como é o caso. Depois acusam os defensores dos princípios laicos - que acontece serem os princípios constitucionais - dos mais nefandos propósitos, nomeadamente de querem promover uma "guerra religiosa", agitando freneticamente, e em coro, o espantalho do "laicismo anticatólico". [...]

    A polémica sobre os crucifixos nas escolas públicas só revela a subsistência entre nós de um militantismo católico integrista que não aceita os mais elementares requisitos do princípio constitucional da separação entre o Estado e as igrejas e da laicidade da escola pública, não abdicando de instrumentalizar as instituições públicas ao serviço de discriminações e privilégios religiosos."
    5.12.05
    Alemão ou não

    Jean Claude Götting: sem título
    "Se não concordam comigo, ou são ignorantes ou estão de má fé"

    Assim traduzo a frase de Cavaco que li no Água Lisa:
    "Duas pessoas sérias com a mesma informação têm de concordar"

    Lá comentei:
    [...] a não ser que o Prof. Cavaco entendeu aqui "informação" num sentido muito, muito lato (quer dizer, incluindo socialização, quadro de referências e valores), ele evidencia aqui mesmo uma assustadora falta de cultura: A ignorâcia completa do condicionamento do raciocínio pelo contexto em que se processa! Talvez não faz mal não conhecer as Lusiadas - quem sou eu para criticar isto? - mas um chefe de estado não ter consciência da diversidade dos quadros de referência das pessoas que pretende representar, isto é grave!

    De resto estou na campanha presidencial, para usar um eufemismo, bastante desapaixonado, e o estaria também, creio, se fosse português.

    P.S.: A ler também o post do Miguel Silva e os comentários no Tempo dos Assassinos!
    Obrigado Keira!

    Sensibilizado, agradeço ao Carlos e ao Luís o simpático destaque.
    E à Keira o alto patrocínio, que em muito reforçou a candidatura do QeP como blogue de semana do Tugir.
    4.12.05
    Touch-a, touch-a, touch me!

    Também já não é virgem, caro AA? Será da minha idade?
    Será que os moços, que veneram a just like a virgin Madonna, porque os iniciou, teriam tido o estofo para entrar no domínio do Dr. Frank N. Furter?
    3.12.05
    Dois anos Ma Schamba

    Agora é a minha vez de parabenizar o blogger que me honra desde há muito com a sua atenção benevolente, mas também exigente.
    Exigente em tudo o que realmente interessa, mas não no meu português, senão não teria já proposto de eu deixar caír o "quase" no título do blogue. Mas ele sabe que a leitura do seu Ma Schamba me lembra sempre da justeza deste "quase". E não só em respeito à língua.
    Espécie em extinção?

    Atendendo ao facto de que tantos (eu inclusivé) fazerem questão de merecer o rótulo liberal, sendo ao mesmo tempo muito criteriosos na aceitação de outras classificaçãos, fiquei com curiosidade se haverá quem não se considera liberal. (Para além do meu amigo Timshel.) Convido-os a assumirem-se nos comentários deste post.
    2.12.05
    Os portugueses da diáspora

    O melhor que aproveitei da blogosfera nos últimos meses é o debate sério e de alto nível ao que dois conservadores liberais, o Tiago Mendes e o João Galamba, obrigaram o establishment do neoliberalismo da blogosfera lusa.

    Argumentando a partir das mesmas fontes e provenientes do mesmo quadrante político, desmontaram preconceitos ideológicos e falácias argumentativas (se fosse eu a denominá-las, estaria tentado de chamá-los "dispositivos demagógicos"), e obrigaram as porta-vozes da escola austríaca a argumentar com mais precisão e elevação. O que aconteceu, por exemplo aqui e aqui.
    Não têm dificuldade em expôr o caracter quasi-religioso do pensamento de muitos adeptos desta escola, como o neste exemplo, e quando o raciocínio os léva para aí, também não lhes custa identificar-se com posições de outras pessoas (como o Carlos Manuel Castro ou eu), sem antes ter-se assegurado de que estas não fossem provenientes de outros quadrantes políticos. Pois como não estão a defender uma doutrina, mas procuram pensar com o resultado aberto, não temem a acusação do "desvio ideológico".

    Os dois bloggers têm feito mais para o crédito que a direita liberal tem hoje comigo do que dois anos de Blasfémias, Insurgente e Acidental juntos.

    Vou aproveitar as férias do Natal para suprir algumas lacunas de leitura que tenho nesta área.

    Rectificação:
    O João Galamba informou-me que não se considera conservador. Não diminuindo isso o apreço pelos seus post recentes, não devo então transferí-lo para a "direita liberal". As minhas desculpas ao João e aos enganados!
    P.P.S:
    Tanmbém o Tiago Mendes informa que não se revê na descrição conservador liberal. Depois avança uma auto-rotulação engraçadissima, mas proibiu-me expressamente de retirá-la do contexto. Por isso, têm que ir aos comentários para lê-la.
    Prometo ser, no futuro, mais cauteloso com a rotulagem. (Apesar de o post mesmo assim ter já valido a pena, pelos comentários, que provocou, também do AAA.)

    Robert Motherwell: Elegy for the Spanish Republic 34

    constroi-se um dicionário de partes móveis. A consultar!
    1.12.05
    Reflexo patriótico:

    Frau Merkel referiu-se a Konrad Zuse, Eduardo.

    Adenda 2.12.05: Pois é! E o Leibniz!
    (Se continuo assim, ainda acabo por fazer como o Nuno Guerreiro e colocar um grande alemão a seguir ao outro no cabeçalho do QeP. Não poucos até podia pedir-lhe emprestado. Mas não sei porquê: Acho que o público não via isso com tanta simpatia como no caso da Rua da Judiaria... Ou estarei enganado?)
    A ler

    este post do João Galamba.
    Junto me ao Tiago Mendes:
    "Só para dar os parabéns pela excelente discussão. Reforço o ponto do João de que a escola austríaca é tremendamente apriorística. Isso não é um problema em si. O problema é os austríacos quererem negar isso e "impor" os seus princípios auto-evidentes. Isso, claro, é o habitual de qualquer religião."

    A vida é maravilhosa! Não é?

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